Passageira cega cai em trilho do metrô de SP e fica embaixo do trem: ‘Renasci’

ROTANEWS176 E POR TERRA 02/09/2022 23h48                                                                                                      Por Vanessa Ortiz

Vítima relata que não recebeu ajuda de funcionários para desembarcar na estação Trianon-Masp; ela teve apenas escoriações

 

 Reprodução/Foto-RN176 Estação Bresser-Mooca

Uma passageira cega caiu nos trilhos da estação Trianon-Masp, do metrô de São Paulo, durante a manhã de quinta-feira, 1º, e foi resgatada com vida. O trem chegou a passar por cima dela, mas Magda Paiva teve apenas escoriações. Após o acidente, ela foi encaminhada para o Hospital das Clínicas, onde ficou em observação até a manhã desta sexta-feira, 2.

Ao Terra, ela contou que estava indo para o trabalho, como faz todos os dias. Ela pegou o metrô na estação Bresser-Mooca, na linha vermelha, junto com o marido. Ele desceu na Sé, e seguiu até o Paraíso, onde desembarcou do vagão. “Tinha um funcionário me esperando. Ele me levou até o vagão para seguir até o Trianon-Masp, e avisou para a central do metrô que ia ter uma pessoa com deficiência visual no vagão x”, explica.

No entanto, quando ela desembarcou na estação, não havia ninguém esperando por ela. Magda relatou que isso já ocorreu outras vezes, mas, geralmente, um usuário do serviço de transporte público da cidade a ajuda. Porém, desta vez, não aconteceu.

“Confesso que eu não esperei muito. Pensei: ‘vou tentar achar uma escada rolante’. Mas ou menos tinha uma noção, porque eu conheço a estação, achei o piso tátil e fui seguindo, só que é um pouco distante de onde eu desembarco até a escada. Nesse trajeto eu acabei perdendo o piso tátil e me perdi”, afirma.

A assessora parlamentar seguiu andando até que caiu, mas não se deu conta de que havia caído na via do metrô. “Eu só pensava: ‘nossa, que tombão que eu caí’. Nem pensei que estava na via, nem imaginei”, revela. Magda conta que caiu em pé, e até tentou sair, mas ouviu os usuários que estavam na estação gritando, desesperados, para que ela abaixasse.

Nesse momento, entendeu que estava sobre os trilhos, e que o trem estava vindo em sua direção, portanto, precisava abaixar para não ser atingida. “Eu deitei no chão, e escutei o trem vindo. Aí eu pensei: ‘eu vou morrer e vai doer, porque o trem vai passar em cima de mim’”. Segundo ela, foi “muita sorte” ter deitado em um lugar que não tinha ligação com energia elétrica, pois caso encostasse, levaria um choque.

Reprodução/Foto-RN176 Magda saiu ilesa apesar do acidente sobre os trilhos do metrô Foto: Arquivo pessoal

“Eu deitei no primeiro lugar, não escolhi, até porque eu sou cega. Não olhei num lugar bom para deitar. Deitei onde deu. Não passei a mão para procurar, até porque se eu fizesse isso,  provavelmente teria tomado um choque”, relembra.

‘Renasci’

Para a sua sorte, o trem passou por cima dela, sem atingi-la. Pouco depois, a máquina parou. E então, começaram os procedimentos para resgatá-la. Além da equipe do metrô, bombeiros também foram acionados para ajudar na ação, que durou cerca de 30 minutos. “Eles começaram a falar que eu não podia me mexer, porque senão podia levar um choque”, conta.

A energia do trem foi desligada, para que ela pudesse ser retirada sem maiores riscos. Devido a dificuldade e a posição que o trem se encontrava, ela precisou, com a ajuda dos bombeiros, sair andando debaixo do trem. Depois, ela foi encaminhada para o hospital para realizar alguns exames e ficar em observação.

“Eu não sei descrever a sensação. Só queria que acabasse logo para ver se eu ia ficar viva. Eu renasci. Tive uma segunda chance, porque a chance de eu ter morrido era muito maior, eu acho. Ainda mais sem ter perdido nenhum membro. Deus foi muito bom comigo. Ele me protegeu em todos os sentidos”, confessa.

Reprodução/Foto-RN176 Estação Trianon-Masp

Ela ainda conta que, apesar de tudo, ainda não consegue acreditar que o acidente ocorreu com ela. “Eu sempre via na TV essas histórias de pessoas que se acidentam e saem ilesas, e a gente nunca imagina que vai acontecer com a gente. Eu não acredito ainda. É um negócio tão surreal”, finaliza.

Em nota ao Terra, a assessoria do Metrô de São Paulo informou que puniu o funcionário que falhou no atendimento à passageira que caiu na via. Além disso, o órgão afirmou que  atende 2 mil Pessoas com Deficiência (PCD) todos os dias, conta com estações acessíveis, já foi premiado por seu relacionamento com esse público e não admite qualquer desvio do protocolo de auxílio aos PCDs.