Sexo de Deus é indefinido, defende grupo feminista anglicano

ROTANEWS176 E BBC BRASIL 02/06/2015 14:49

Deus não é “ele” nem “ela”. É o que defende a ONG britânica Watch, que representa o interesse das mulheres na igreja anglicana

A organização foi acusada de tentar “reescrever” a doutrina cristã ao encorajar as pessoas a usar o pronome feminino para falar de Deus.

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Reprodução/Foto-RN176  Getty Images  A organização incentiva o uso do pronome feminino para falar de Deus, mas foi acusada de tentar “reescrever” a doutrina cristã

A pároca Jody Stowell, da igreja St Michael & All Angels, no noroeste de Londres, e integrante da Watch, rejeita as acusações e diz que “a discussão não é sobre transformar Deus em uma mulher”.

“É sobre resgatar a maneira como a Bíblia descreve Deus”, afirma. “Temos imagens de Deus como uma mãe ursa, feroz, protegendo seus filhos. Não estamos restringindo a noção de Deus como um gênero. Eu gostaria de incentivar as pessoas a explorar esse tipo de imagens. Elas são bíblicas e tradicionais na fé cristã.”

No entanto, a parlamentar conservadora Ann Widdecombe, que deixou a Igreja Anglicana após a ordenação de mulheres ter sido aprovada, nos anos 1990, disse que usar o pronome feminino para se referir a Deus é algo “tolo” e “pensado por lunáticos”.

‘Idoso barbado’

Stowell propõe uma mudança na maneira pela qual Deus é retratado.

“A maioria das pessoas pensa em Deus como um homem idoso, barbado e no céu… e provavelmente branco. Isso não é só uma questão de gênero”, diz a pároca.

“Se (os jovens) ouvirem que Deus não é um homem branco e idoso no céu, mas sim que Ele abriga a todos, se desconstruirmos esse mito, se derrubarmos a ideia de que o cristianismo é algo masculino, pálido e obsoleto, é claro que isso vai levar mais gente a explorar a própria fé.”

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Reprodução/Foto-RN176  No início deste ano, Libby Lane foi ordenada a primeira bispa da igreja anglicana

As mulheres passaram a poder ser ordenadas na Igreja Anglicana em 1994 – e no início deste ano Libby Lane foi ordenada a primeira bispa.

Apesar de ser crescente o número de padres mulheres, a páraco Stowell afirma que ainda há um longo caminho no que diz respeito a mudar a maneira como a mulher é vista na igreja.

“Se você pensar em quanto tempo a Igreja existe como instituição, vamos levar anos e anos para que se entenda a mensagem, diante de uma estrutura que foi formada por vozes masculinas e de uma maneira masculina.”