Toque e faça ecoar o sino da coragem rumo ao futuro de esperança

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  26/05/2023 16:15                                                                        ENCONTRO COM O MESTRE                                                                                                                                      Por Dr. Daisaku Ikeda       

Ensaio da série “Irradie a Luz da Revolução Humana”.

 

Reprodução/Foto-RN176 Compartilhando o caminho da filosofia e da educação da vitória humana! Em junho de 2004, comemorando a outorga do 160º título acadêmico honorário, casal Ikeda posa em frente às rosas decorativas em quantidade igual a essas homenagens. Dr.Daisaku Ikeda. Ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Fotos: Seikyo Press / BS

No dia 3 de maio [de 2023], demos uma partida animada para uma nova jornada do kosen-rufu com os preciosos companheiros de todo o mundo.

Pensando bem, foi no mês de maio (quinto mês intercalado) de 750 anos atrás, em 1273, que Nichiren Daishonin redigiu o escrito A Profecia do Buda, em Sado, onde estava exilado.

Nesse Gosho, Daishonin cita duas passagens do Sutra do Lótus que proclamam o kosen-rufu. A primeira é uma frase do capítulo “Rei dos Remédios”, um testamento do buda Shakyamuni: “Após eu ter entrado em extinção, no último período de quinhentos anos, deve propagá-lo [o Sutra do Lótus] amplamente, em todo o Jambudvipa, e jamais permitir que ele deixe de existir”.1

A segunda frase é a do capítulo “Mérito Universal”, na qual o bodisatva Mérito Universal expressa seu juramento ao buda Shakyamuni: “Após Aquele que Assim Chega entrar em extinção, farei com que [o Sutra do Lótus] seja propagado amplamente, em todo o Jambudvipa, e jamais permitirei que ele deixe de existir”.2

A primeira dessas passagens refere-se às palavras nas quais o mestre confia o kosen-rufu ao discípulo. A segunda é uma frase de juramento do discípulo ao mestre em realizar amplamente a propagação. Realizar firmemente o kosen-rufu (ampla propagação) exatamente de acordo com o juramento seigan! É essa luta conjunta entre mestre e discípulo que eterniza o pulsar da vida da Lei Mística.

Perseverando no grande desejo da “Ampla Propagação Benevolente da Grande Lei” no Jambudvipa (o mundo inteiro), mestres e discípulos Soka bailam imponentemente lançando a grande luz da canção triunfal do povo e do respeito à dignidade da vida ao mundo de vicissitudes que continuam do século 20 ao 21. Essa honra é mais elevada que os céus, e essa boa sorte é mais profunda que os mares.

O futuro da perpetuação da Lei define-se com os jovens. A época chegou. Os Shin’ichis Yamamoto da nova era estão surgindo na linha de frente e criando uma grandiosa história.

A missão do retorno do budismo para o oeste

Ao ler A Profecia do Buda, Toda sensei disse: “A missão da Soka Gakkai é não permitir que o retorno do budismo para o oeste se torne falso”.

No dia 5 do mês passado [abril de 2023], como discípulo de Toda sensei e representando os membros do mundo inteiro, recebi o título de doutor honoris causa em letras da Universidade Estadual Maharaja Surajmal Brij, da Índia. Recordo-me com saudades do encontro que tive com o vice-reitor Ramesh Chandra, proponente dessa homenagem. Relembrando a história, ele disse: “Infelizmente, o budismo acabou declinando na Índia. Porém, graças aos esforços da SGI, muitas pessoas no mundo se tornaram seguidoras do budismo, e estão pondo em prática os ensinamentos de Shakyamuni nos dias de hoje”.

São, de fato, palavras de louvor à Soka Gakkai que veio realizando a profecia contida nos escritos: “A Lua surge no oeste e ilumina o lado leste, enquanto o Sol nasce no leste e irradia seus raios para o oeste”.3 Eu as interpretei como “comprovação de muitos tesouros”.

Hoje, tanto na Índia, “terra de origem do budismo”, como também na Coreia, a qual meu mestre a sentia como local de profundo relacionamento cármico do “retorno do budismo para o oeste”, o progresso do kosen-rufu é de saltar aos olhos. O sorriso de satisfação do venerado mestre paira sobre o meu coração.

A visita do mestre predecessor a Kansai

Há marcas do mestre predecessor, Tsunesaburo Makiguchi, a ser lembradas nos dias atuais, mais uma vez. Cem anos atrás, em maio de 1923, ele conheceu as escolas de ensino fundamental de Quioto, Osaka e Hyogo, junto com sete diretores de escolas de ensino básico de Tóquio. Cinquenta anos depois dessa visita, foi inaugurada a nossa Escola Soka de Kansai.

Os talentosos estudantes que ingressaram este ano [2023] na Esco­la Soka de Kansai constituem sua 51ª turma. Os amados formandos dessa escola estão atuando como pessoas centrais na sociedade e na comunidade local. Como fundador, nada me deixa mais feliz.

Em uma época em que dominava a educação do militarismo japonês, Makiguchi sensei bradou solenemen­te que o maior objetivo da educação era a “felicidade das crianças”.

Toda sensei também acreditava até o fim no potencial das jovens vidas, afirmando: “Farei de qualquer criança o melhor aluno e a tornarei feliz!”. Aqui se encontra o ponto primordial da educação Soka que se expande para o mundo.

Desejo sinceramente que continuemos criando, de forma esplêndida, cidadãos globais que contribuam para a humanidade e vivam pela coexistência da paz nos próximos cinquenta e cem anos, hasteando alto a bandeira do “aluno em primeiro lugar” e do “estudante em primeiro lugar”.

Focalizando a força da resposta à batalha

Já se passou meio século desde o meu encontro com o Dr. Toynbee para um diálogo. Ele dedicou muita atenção à Soka Gakkai como uma “religião mundial viva”. Durante a nossa conversa realizada em sua residência em Londres, o Dr. Toynbee expressou forte expectativa em relação à religião no fortalecimento da energia vital em meio aos desafios perante as questões da sociedade.

Partindo da visão de história de Toynbee de que a civilização se desenvolve por meio da resposta aos desafios contra as provações, o mesmo acontece com a religião. Ao responder bravamente aos desafios da época, ela consegue alçar um novo voo.

Em sua grande obra Um Estudo da História, o Dr. Toynbee focaliza a palavra “peripécia”,4 a qual tem origem na teoria literária do filósofo Aristóteles, e significa “inversão de papéis”. Toynbee enxergava um importante princípio de criação da história no drama da reversão que se repete na caminhada do homem.

Talvez isso seja equivalente ao contra-ataque às dificuldades ou, ainda, à transformação de veneno em remédio. O próprio Dr. Toynbee viveu com a crença de que definitivamente conquistaria algo mesmo a partir dos sofrimentos e das angústias.

Nós vamos transformar com todo o vigor quaisquer provações em esperança, felicidade e criação de valor, fazendo resplandecer ainda mais a “sabedoria do caminho do meio do budismo” que Toynbee a tinha como sua maior expectativa.

Desabrochando as flores do sorriso

No avanço do kosen-rufu, o que se torna sempre o alvorecer da contraofensiva e a força motriz da transformação de veneno em remédio nada mais são que a oração determinada das mulheres Soka e sua ação diligente.

Foi em 1979, ano do término do primeiro ciclo dos “Sete Sinos”. A pedido de um companheiro em uma reunião de palestra, minha esposa registrou a seguinte dedicatória: “Sem jamais abandonar a fé. / Ano da conclusão / dos Sete Sinos”.

Era a própria promessa das mães e das mulheres do Japão e do mundo. Exatamente com esse juramento ardente e profundo, elas encorajaram os membros com fé inabalável, os protegeram e derramaram suor pelo bem da comunidade local. É por isso que o grande castelo de mestre e discípu­lo não se abala.

O próximo mês de junho [2023] é o “mês das mulheres Soka”. O dia 4 de junho é o Dia Mundial das Irmãs Kayo e o dia 10 de junho é a data de fundação da Divisão Feminina. No mês de junho deste ano [2023], será promovida, de forma diversificada, a Convenção da Divisão das Mulheres, tendo como palco centenas de milhares de grupos em todo o Japão que farão desabrochar as flores do diálogo, do sorriso e da amizade. Há muitas amigas que realizarão a convenção como novas líderes de grupo.

Esses grupos promovem encontros de poucas pessoas que têm como base o diálogo de vida a vida. São encontros sem formalidades que acendem as chamas de sorriso no coração de todas pelo brilho natural da vida. Esse é o aspecto do jardim de “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro” e da “iluminação e a manifestação dessa verdadeira natureza”, ambos pregados no budismo.

Explanando o escrito A Profecia do Buda, Toda sensei explicou a passagem “O bodisatva Jamais Desprezar era um praticante no estágio inicial da alegria”5 de modo bem simples: “Com o aspecto de alguém que acabou de começar a praticar a budismo, o bodisatva Jamais Desprezar realizou a ampla propagação somente com sentimento de imensa alegria. Nós também, ao propagarmos o budismo com o aspecto de mortal comum, podemos obter a condição de buda. Por isso, basta agir livremente de forma autêntica, como você mesmo é”.

Pode-se dizer que o encontro em que os membros do grupo, como também as amigas convidadas presentes, conversem francamen­te num ambiente em que todas se sintam felizes por participarem, é verdadeiramente a própria marcha da paz e da cultura.

O venerado mestre e o Preceito às Senhoras

Há setenta anos, em 16 de maio de 1953, logo após eu ter assumido como responsável substituto do Distrito Bunkyo, realizamos altivamen­te uma reunião de líderes do distrito, recebendo Toda sensei. Naquela ocasião, ouvindo a séria convicção na fé da responsável pela Divisão Feminina do distrito, o mestre se emocionou profundamente dizendo que ela havia captado a sua vontade.

E, no dia seguinte, 17 de maio, ele acrescentou pessoalmente um prefácio àquelas palavras de convicção na fé e o anunciou como Preceito às Senhoras na Convenção do Distrito Adachi. Então, ele o ofereceu a todas as integrantes da Divisão Feminina.

Nesse preceito consta:

Chegou a hora em que nós, da Divisão Feminina, também precisamos incorporar verdadeiramente o estudo do budismo. Agora, sem deixar escapar esta época, vamos criar tempo livre em todas as oportunidades, e incorporarmos o estudo do budismo em nossa vida. (…) Tenho a convicção de que o espírito do estudo do budismo nasce a partir da plenitude na prática da fé.

Em meio à alegria que se espalhava em torno do Preceito às Senhoras, Toda sensei clamou aos companheiros de Adachi de sua confiança: “Se aprofundarem a fé, a vida diária mudará completamente. Pode-se transformar o destino”.

Reprodução/Foto-RN176 Zínias elegantes e petúnias. Afinal, quantas cores estão presentes? De repente, diante delas, os olhos ficam mais brilhantes. Jardim colorido cheio de vida e de alegria. É como o jardim alegre de diálogo entre as mães e as mulheres Soka (foto tirada por Ikeda sensei, neste mês [maio de 2023], em Tóquio) – Foto: Seikyo Press

Hoje, também, nossos companheiros estão caminhando na linha de frente do kosen-rufu tal como consta nos escritos: “As pernas correspondem ao kyo”.6 Eles avançam, encorajando-se mu­tuamen­te, acumulando o diálogo da “pacificação da terra”. O nobre aspecto de cada pessoa da família Soka é o exemplo dos “dois caminhos da prática e do estudo”.

Em uma sociedade e em ambientes diversificados, estou orando junto com minha esposa pelo grande sucesso da Convenção da Divisão das Mulheres, a qual abre o rico portal da felicidade, em diversos níveis, tal como Daishonin afirma em seus escritos: “Uma filha abre o portão de outra casa”.7 Oro também pela boa saúde, longevidade, paz, harmonia e boa sorte de todos.

Avanço rumo ao centenário de fundação

A atuação do Ongakutai e da Kotekitai, os melhores do Japão, salta aos olhos. Quero expressar sincera gratidão e admiração por desenvolverem maravilhosas apresentações e coreografias também nos desfiles de cada localidade.

Nos tempos iniciais, ao dialogarmos sobre as características das marchas de cada país com os amigos do Ongakutai, um dos assuntos discutidos foi o do ponto forte das apresentações desse grupo. Eu lhes disse que talvez fosse a “coragem”. Recordo-me com saudades do brilho dos olhos dos jovens que orgulhosamente menea­vam a cabeça em concordância.

A marcha da união de “diferentes em corpo, unos em mente” continua com o som místico tocado pelos “músicos do kosen-rufu” e pelos “anjos da paz” junto com a ardente coragem suprema denominada “coração do rei leão”.

Toda sensei afirmou: “Tal como os viajantes na antiguidade que caminhavam perseguindo uma milha de cada vez, vamos avançar na estrada do kosen-rufu, vencendo um marco de sete milhas a cada sete anos”.

Atualmente, a Soka Gakkai está avançando com base no segundo ciclo dos “Sete Sinos” que se iniciou no ano 2001. Observando um futuro próximo, o ano 2030, daqui a sete anos, corresponde ao centenário de sua fundação.

De quem é o papel principal de badalar o sino da vitória da vida e do kosen-rufu? Deve decidir que não seja ninguém mais a não ser você mesmo! Para começar, a questão é quanto cada um realizará sua revolução humana e fará progredir e prosperar seu lar, sua comunidade e sua localidade. Gostaria que enfrentassem cada desafio com alegria e perseverança, acalentando grande aspiração e levantando um objetivo concreto.

O verdadeiro palco do segundo ciclo dos “Sete Sinos” a edificar o alicerce da paz mundial começa a partir deste instante. Agora é o momento de espalhar a filosofia do respeito à dignidade da vida para o mundo.

Fazendo badalar o sino do alvorecer da esperança e da coragem em nossa vida junto com a Lei Mística, vamos, hoje também, registrar radiantemente o marco dos avanços sucessivos ao ritmo da canção triunfal Soka!

No topo: Compartilhando o caminho da filosofia e da educação da vitória humana! Em junho de 2004, comemorando a outorga do 160º título acadêmico honorário, casal Ikeda posa em frente às rosas decorativas em quantidade igual a essas homenagens. Hoje, o número de coroas da sabedoria concedidas a Ikeda sensei por universidades e instituições acadêmicas do mundo ultrapassa 400 (Universidade Soka, em Hachioji, Tóquio, 2004)

Publicado no Seikyo Shimbun de 18 de maio de 2023

Fotos: Seikyo Press

Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai­shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 417, 2020.
  2. Ibidem, p. 421.
  3. Ibidem, p. 420.
  4. A referência de Toynbee à “peripécia” consta em Um Estudo da História, v. 8, com tradução para o japonês da comissão de publicação, da editora Keizai Orai-sha.
  5. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai­shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 419, 2020.
  6. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, 2004. p. 28.
  7. The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin]. v. II. Tóquio: Soka Gakkai, 2006. p. 884.